life, oh life!

Ok, detalhes. Pra vocês entenderem como a vida é cruel comigo. E irônica. E perversa. Bla bla bla whiskhas sachê bla bla bla.

Tipos, deu 16:59 lá fui eu me levantar pra, mais do que rapidamente, ir embora. Ajeitei a mesa, mimimi, e fui dar uma passadinha no banheiro, como é de praxe antes de uma viagem longa. Aproveitei ajeitei os cabelos desgrenhados e até passei um gloss megafashion. Não estava de se jogar fora. Se o orelhudo calhasse de reparar em mim hoje, pelo menos um susto não teria. Soubesse ele que o moço da barraquinha de pipoca bem que gostou e até virou o pescoço. Well, melhor não usar isso como parâmetro.

Corta.

De tarde, sheila passeando. Depois de uma semana - vejam bem, uma semana - que ele teve pra me entregar aquela porcaria, o carinha chato do rh veio me entregar a pesquisa de opinião do funcionário, "estamos participando das melhores empresas para se trabalhar" lero-lero... tá, eu recebi o email, eu sei, lembro até das piadinhas boas que fizeram em relação a várias perguntas desse questionário ("Você se sente integrado à comunidade?" - hã... a comunidade gay?). Aí vinha nas instruções: se não souber responder a alguma pergunta, deixe em branco. Como eu to lá há meros 2 meses e 1 dia, deixei a maioria em branco, fechei, e me propus a me livrar daquilo naquele dia mesmo.

Corta.

Eu menti. Não tinha deixado tudo arrumadinho na mesa. As respostas do questionário estavam largadas em cima da mesa. Depois também reparei que a cadeira tava toda largada, como se eu tivesse saído fugida (que indignidade!).

Corta.

Aí saio do banheiro com meu gloss megafashion refrescante (sim, ele é refreshing!), meus cabelos ajeitados, coloco meu fone de ouvido, vou descendo a escada e vejo o baú pra depositar o papelzinho das... opa. Esqueci lá em cima. Então tá, voltei, e qual não foi minha surpresa ao ver vindo na minha direção o sr. orelhudo-legal-que-também-é-careca-mas-é-lindo-de-morrer. Paradinha pra comentários e conversa de 10 segundos no corredor.

-Vc tá chegando ou saindo?
-Po... to saindo e voltando.
-Ah.
-Vou pegar aquele negocinho da pesquisa.
-Ah.
-Ele tá lá em cima da mesa, sei lá... perigoso.
-Podem pegar né? haha
-É, e roubarem minhas respostas.
-Ou ler e decidir "vamos demitir a sheila".
-Haha, exatamente.
-É, perigoso mesmo...
-É...
-Então tá... tchau né...
-Tchau...

Sorrisos amarelos. Sheila pensando "as piadas dele são sempre boas...". Sheila querendo dar meia-volta e ir andando com ele, que, coisa rara, tá sozinho, sem aqueles amiguinhos malas. Mas não. Sheila volta, pega o maldito papel, encontra retenções do tráfego nos corredores, e contratempos maléficos semelhantes. mas sheila continua e sai em direção ao ponto de ônibus, veja você, toda animadinha. Da passarela ela vê o carequinha parado sozinho no ponto, esperando, tadinho, uma companhia pra sua longa espera e, quem sabe, sua longa viagem de ônibus até a tijuca. Sheila se ajeita.

Mas então eis que a van do 665 passa e ele entra e vai embora e putaquepariucaralho.

Por frações de segundo e coincidências.

Sheila com raiva.

Sheila deduzindo: que poxa. observação 1: quando surge oportunidade, ele sempre faz questão de falar comigo e quiçá (elemento mal encaixado, mas deu vontade de usar então foda-se) dar uma paradinha prum papinho bobo. observação 2: o idiota nem pra falar um "ah, vc vai pra tijuca tb, eu t espero, vamos juntos...", ou atrasar o passo só pra eu alcançar ele, afinal, eu is só PEGAR A PORRA DO PAPEL. Conclusão da sheila: ele é legal e acho que tenho chances; mas ele também tem vida, provavelmente. Por isso não fica usando de artifícios edeotas como os meus.

fim.