Leila estava na calçada passeando o cachorro
Então alguém vai embora e a gente acha que tem que escrever alguma coisa sobre ela. Não, ela não morreu. Como todo mundo já sabe, ela só viajou. E despedidas são sempre um poço de nostalgia. Mas eu não tenho nada tão específico pra escrever sobre ela. Vou pensar o porquê disso mais tarde.
Eu li faz muitos meses - num blog desses, em texto de amigos, não sei - pode ter sido até mesmo em um livro. Que o mais triste das perdas é a ausência de sentido. Então hoje eu passei na rua dela e olhei a vila e pensei: "Oh, vou ficar um bom tempo sem vir aqui". E foi só uma constatação. Uma constatação como "Essa costumava ser a casa onde ela morava. Até um dia atrás". Pra comprovar isso, meu cérebro recorre a imagens diversas. Mas a família dela continua lá, e o que mudou foi uma ausência que se obrigou a se instalar por lá. Mais à frente, vejam só, vejo Leila passeando na calçada com o cachorro da família. Leila é a mãe dela - e Leila chorou muito no aeroporto, tadinha. Leila é uma pessoa admirável, tenho que confessar. Não por ter chorado, mas por outras coisas; apenas aproveito a ocasião. Tenho certeza de que nunca mais vou citar ela em qualquer outro texto.
Leila estava na calçada passeando o cachorro, e ela estava lá só pra ilustrar meus pensamentos. Como aqueles filmes com 12 personagens em que todos eles estão sempre nos lugares em que você espera que eles estejam. Você passa pela rua deles e....pimba! Você vai ver nem que seja o pé de algum deles que acaba de entrar em casa. Leila estava lá andando na calçada, com o mesmo vestido que ela estava ontem no aeroporto (hm, nada de comentários sobre higiene duvidosa). E ela estava lá só pra ilustrar minha lembrança.
(Nabokov fez um comentário semelhante a esse em Lolita: que quando se lembra das pessoas, espera-se que elas se petrifiquem; a lembrança faz você querer que ela continue pra sempre da forma como você a viu pela última vez. Simplificadamente foi isso que ele disse, só que de uma forma bem mais rica e divertida. Não vou copiar aqui o trecho. Preguiça.)
Eu li faz muitos meses - num blog desses, em texto de amigos, não sei - pode ter sido até mesmo em um livro. Que o mais triste das perdas é a ausência de sentido. Então hoje eu passei na rua dela e olhei a vila e pensei: "Oh, vou ficar um bom tempo sem vir aqui". E foi só uma constatação. Uma constatação como "Essa costumava ser a casa onde ela morava. Até um dia atrás". Pra comprovar isso, meu cérebro recorre a imagens diversas. Mas a família dela continua lá, e o que mudou foi uma ausência que se obrigou a se instalar por lá. Mais à frente, vejam só, vejo Leila passeando na calçada com o cachorro da família. Leila é a mãe dela - e Leila chorou muito no aeroporto, tadinha. Leila é uma pessoa admirável, tenho que confessar. Não por ter chorado, mas por outras coisas; apenas aproveito a ocasião. Tenho certeza de que nunca mais vou citar ela em qualquer outro texto.
Leila estava na calçada passeando o cachorro, e ela estava lá só pra ilustrar meus pensamentos. Como aqueles filmes com 12 personagens em que todos eles estão sempre nos lugares em que você espera que eles estejam. Você passa pela rua deles e....pimba! Você vai ver nem que seja o pé de algum deles que acaba de entrar em casa. Leila estava lá andando na calçada, com o mesmo vestido que ela estava ontem no aeroporto (hm, nada de comentários sobre higiene duvidosa). E ela estava lá só pra ilustrar minha lembrança.
(Nabokov fez um comentário semelhante a esse em Lolita: que quando se lembra das pessoas, espera-se que elas se petrifiquem; a lembrança faz você querer que ela continue pra sempre da forma como você a viu pela última vez. Simplificadamente foi isso que ele disse, só que de uma forma bem mais rica e divertida. Não vou copiar aqui o trecho. Preguiça.)
2 Comments:
Estimada ex-companheira, aqui me encontro para prestigia-la. Abraço.
By Anônimo, at sábado, agosto 19, 2006
Quero mais contos!
By Anônimo, at quarta-feira, setembro 06, 2006
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