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Um dia ela ainda vai descobrir - ou quem sabe já descobriu - que todas aquelas parafernálias culturais só serviram pra sedar de vez aquele espaço apertado e incômodo em que ela entrara sem saber, pisando falso no solo e acabando perdida nas abstrações. Será um dia glorioso, e o mundo será visto objetivamente, nitidamente, sem borrão ou purpurina. Nada pra enfeitar. Nenhuma imagem com contraste alterado. Nenhum diálogo irretocável de um filme europeu. Um dia ela vai achar tudo isso um saco. Ela jura que vai. E parar de olhar cada referência dessas como se fosse um enviado especial de Deus, seja lá onde ele se encontre - sem letra maiúscula. Ela vai sentir o cheiro estragado de ar reciclado sem lembrar de nenhuma banda obscura.
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1 Comments:
Acho engraçado ela (você?) achar que pode ser possível ver o mundo sem borrão ou purpurina. É possível? Duvido.
Talvez ela apenas desista de ver recados de Deus no meio da aleatoriedade, e perceba que são apenas recados... das coisas. As coisas desse nosso mundinho velho, belas e fascinantes por si só. :)
By Edson, at sábado, setembro 09, 2006
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