Sobre unhas, meias e cuidados
Emília todos os dias dá banho no seu filhinho de 4 anos; alguns dias ela dá banho no menino duas vezes, antes da escolinha e antes de ele dormir. Apara as unhas dele, tão pequenas nos dedinhos curtos. Escova os cabelos finos, castanhos, claros, lisos. Ela faz uma inspeção se as orelhas estão limpas, se ele escovou os dentes direitinho, e segura a escova junto com ele, para que ele vá aprendendo. Comprou-lhe roupas, sapatos, tênis, meias, bonés, bermudas, shorts, pijamas. Toda semana, ao passar pelas lojas, ela compra algo de novo para o menino, e quando ela chega em casa com o presente ele vem correndo abrir para ver o que é. Quando tem pouco dinheiro, ela compra alguma roupinha bem simples, ou um cinto, um acessório, só para não deixar de ter sempre algo de novo e bonito para o filhinho. Ele gosta dos presentes, dos carinhos, só não gosta da mãe insistindo para escovar os dentes, essas coisas que os filhos nunca gostam mas que são necessárias.
Na época em que Emília ficou grávida, foi por um acidente, e ela não gostou muito da surpresa. Tinha medo de criar um filho, das deformações no corpo, da falta de tempo. Achava que ainda não estava preparada. Depois, quando ele nasceu, tão pequeno, tão indefeso, ela foi aos poucos se acostumando. Ou tentando se acostumar.
Um dia, na festa de um amiguinho dele, enquanto ela ajudava o filho a se vestir, ele pediu com insistência para usar a meia vermelha. Mas a mãe não queria, não gostava da meia vermelha, estava com aparência de velha. Preferia uma branca. O menino queria muito a meia vermelha, e tanto chorou e esperneou que conseguiu vesti-la. Ele só não reparou, por ser ainda muito criança, na expressão triste e amedrontada da mãe.
Emília, durante a festinha, não conseguia evitar a lembrança de quando ela era adolescente, e roía unhas, e tinha que estar sempre pintando-as, para que ela conseguisse gostar de si mesma, das próprias mãos. Quase todos os dias ela verificava, ao acordar, como estavam seus dedos, e quando o esmalte estava estragado pela força dos dentes, inevitavelmente ela tinha mais dificuldade em levantar naquele dia.
Na época em que Emília ficou grávida, foi por um acidente, e ela não gostou muito da surpresa. Tinha medo de criar um filho, das deformações no corpo, da falta de tempo. Achava que ainda não estava preparada. Depois, quando ele nasceu, tão pequeno, tão indefeso, ela foi aos poucos se acostumando. Ou tentando se acostumar.
Um dia, na festa de um amiguinho dele, enquanto ela ajudava o filho a se vestir, ele pediu com insistência para usar a meia vermelha. Mas a mãe não queria, não gostava da meia vermelha, estava com aparência de velha. Preferia uma branca. O menino queria muito a meia vermelha, e tanto chorou e esperneou que conseguiu vesti-la. Ele só não reparou, por ser ainda muito criança, na expressão triste e amedrontada da mãe.
Emília, durante a festinha, não conseguia evitar a lembrança de quando ela era adolescente, e roía unhas, e tinha que estar sempre pintando-as, para que ela conseguisse gostar de si mesma, das próprias mãos. Quase todos os dias ela verificava, ao acordar, como estavam seus dedos, e quando o esmalte estava estragado pela força dos dentes, inevitavelmente ela tinha mais dificuldade em levantar naquele dia.