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21.9.06

Meu pai morreu numa péssima hora.

O problema foi que ele tinha acabado de comprar um sorvete quando recebeu a notícia. Estava entrando no vagão do metrô com o sorvete na mão quando tocou o celular. Ele foi perguntando: como assim? O que ele teve? Que hospital? UTI? Não tem jeito? Mas...? ...? E o sorvete foi derretendo na mão dele. Primeiro pela casquinha, inundando o guardanapo que já não servia para mais nada, tomando conta dos dedos da mão, indo para o braço, e finalmente pingando no chão do vagão. Os passageiros em volta ficaram olhando, primeiro com nojo, mas depois que prestaram mais atenção e perceberam o conteúdo da conversa, tiveram pena. Ele desligou o celular. O sorvete não parava de escorrer. Ele só disse: "Puta que pariu, que merda."

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