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26.2.08

50 mg ou mais, please

Eu poderia não escrever nada, nem ficar aqui ouvindo essa música triste sem parar. Estado emocional dando voltas, subindo e descendo, variando loucamente ao longo do dia; isso significa insegurança, incerteza, in, in, in. Existe um mundo lá fora cheio de gente que eu morro de medo. No Edifício Master, aquele documentário chato, uma entrevistada meio maluquinha das idéias conta sobre as neuroses psiquiátricas dela: eu não olho no olho das pessoas; eu tenho medo das pessoas; temo da mesma forma que temem as pessoas que devem alguma coisa; eu estou sempre de cabeça baixa; algumas pessoas até devem e não temem, isso acontece; eu não devo, mas eu temo. E ela diz isso não fazendo um trocadilho, mas de uma forma muito séria e muito verdadeira. Amanhã vai estar tudo melhor, ou talvez não. Isso ainda é a normalidade, e estar triste assim é uma alegria particularmente minha.

*

Tudo bem, eu sei que isso é um hospital semipúblico, lotado de paciente, sem verba nenhuma, mas por que esse psiquiatra tão legal me pergunta como é o meu TOC toda santa vez que eu venho aqui? E por que toda vez que eu explico minha intrincada e nonsense combinação de sílabas em duplas ele faz cara de impressionado? Mas o principal é: por que ele escreve tudo de novo no prontuário?

*

Dr. Nocera fala sobre como devo tentar evitar as coisas que me lembram os sintomas. E fala que eu devia conhecer a Dra. Jurislene, Erisleide, algo assim, que ela faz terapia cognitivo-comportamental e que ela é muito boa. Ele sai da sala e vai lá ver se ela está trabalhando hoje. Sheila fica sozinha na sala decadente de ar-condicionado pintada de um branco já amarelado. O armário com as muitas amostras grátis de remédios psiquiátricos tem um cadeado na porta, mas está aberto, e muito convidativo. Ela olha, olha, olha, e pensa: por que não?

2 Comments:

  • Musiquinhas tristes são um problema. Pq elas corroboram com sua tristeza, mas, at the same time, são tão lindas, né não?
    E eu sou total * frase em negrito *. Acho que já te falei disso, né? Que a psicóloga falou, a tal grande culpa inexistente(ou não), sempre devendo algo, mas o quê? o quê? Talvez freud explique, mas minha psicóloga, por enquanto, não. e eu muito menos.

    E tudo o que eu disse não te ajuda em nada, mas pelo menos você não se sente tão sozinha nesse mundo difícil e nessas nossas mentes esquisitas. 'eu entendo as pessoas', comunidade orkutiana, e tal.

    By Blogger Érica L., at terça-feira, fevereiro 26, 2008  

  • Eu também entendo as pessoas. É... eu entendo.

    By Blogger Clara, at quarta-feira, fevereiro 27, 2008  

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