E então nada se tornou
Um dia, quando todo o resto do mundo havia estabilizado, aquela cidade encravada entre duas serras e ignorada pelo resto do país recebeu o cheiro da estranheza. Alguma coisa tinha entrado em colapso, e não era uma coisa qualquer. Pode ser que um passante na rua tenha se virado para saber de onde vinha aquele cheiro. Pode ser também que alguém no meio de um trabalho enfadonho tenha reparado, pela janela, que não só o cheiro mas uma cor invisível vinha se alastrando bem devagar de poste em poste. O mais provável é que todos eles tenham tido medo. E tiveram medo também pelos outros, que não sabiam de nada nem desconfiavam de cheiro algum e continuavam a se divertir e a ir para suas casas achando que encontrariam as mesmas coisas de sempre.
Ainda ninguém descobriu como ir dormir na véspera do colapso; só aqueles que flutuavam pela névoa despercebida conseguiram encontrar o sono e dar as mãos a ele, aquela noite. Dançaram e rodaram com ele, a noite inteira, e a noite mais perturbada haveria de ser a mais feliz, porque não haveria noite seguinte. Já aqueles que o pressentiram algumas horas antes, ficaram a se perguntar como seria. Se restariam pelo menos os cachorros, ou os objetos de ferro, ou aço, ou qualquer coisa assim. Depois desistiram de imaginar, porque incomodava muito mais não saber como, afinal, tinha acontecido.
O engraçado era que o mesmo cheiro era também muito agradável. Assim, a cidade que acordou no dia seguinte descontinuada terminou a vigésima quarta hora da forma mais bela que eles jamais poderiam imaginar. Foi como um suspiro de alívio; e foi simples e ninguém percebeu - que nenhum dos habitantes ainda existia no dia seguinte, e que o colapso havia sido morno e calmo.
Ainda ninguém descobriu como ir dormir na véspera do colapso; só aqueles que flutuavam pela névoa despercebida conseguiram encontrar o sono e dar as mãos a ele, aquela noite. Dançaram e rodaram com ele, a noite inteira, e a noite mais perturbada haveria de ser a mais feliz, porque não haveria noite seguinte. Já aqueles que o pressentiram algumas horas antes, ficaram a se perguntar como seria. Se restariam pelo menos os cachorros, ou os objetos de ferro, ou aço, ou qualquer coisa assim. Depois desistiram de imaginar, porque incomodava muito mais não saber como, afinal, tinha acontecido.
O engraçado era que o mesmo cheiro era também muito agradável. Assim, a cidade que acordou no dia seguinte descontinuada terminou a vigésima quarta hora da forma mais bela que eles jamais poderiam imaginar. Foi como um suspiro de alívio; e foi simples e ninguém percebeu - que nenhum dos habitantes ainda existia no dia seguinte, e que o colapso havia sido morno e calmo.
5 Comments:
Sheila, a primeira frase vc usou os verbos "havia" e "recebeu". Na segunda frase vc usou "tinha entrado" e "era" Mas depois vc usa "tenha", "tenha reparado". Isso confunde.
By Anônimo, at terça-feira, outubro 10, 2006
sheilinha, vim aqui tentando achar a tal referência mas não entendi! muito ignorante eu! vai ter que me mostrar depois, acho que não conheço.
By Anônimo, at quarta-feira, outubro 11, 2006
And then nothing turned itself inside-out, disco do Yo La Tengo. É essa a referência? Não sei, mas tô ouvindo o disco agora na Rádio Uol (baixar demora...), só por causa disso. ;)
By Edson, at quarta-feira, outubro 11, 2006
oi fofa!
lembra de mim?!
By Madame P. Mandrack, at segunda-feira, outubro 23, 2006
Olá (sou eu maria rita, tá?)
Voltei para outro blog tb
te convidei pelo orkut
é o oráculo da perua mandrack
por enquanto vou postar só besteira.
hahahaha.
www,ooraculodaperuamandrack.blogspot.com
By Madame P. Mandrack, at terça-feira, outubro 24, 2006
Postar um comentário
<< Home