21.8.07
20.8.07
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All the things I knew I didn't know and didn't
want to know. That you told me just to tell me later that you told me
so.Come floating back to me now. Come on; come
floating back to me now.All the things you said you'd never say but
you said anyway. Things we did and didn't and
didn't do... The things we did
and didn't do.Come floating back to me
now.
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Ô Rafael, atende, seu merda, você sabe que eu odeio falar com secretária eletrônica.
O garoto olhava, intrigado. A cabeça torta, fitando a maquininha velha e preta. Puta merda, pensou, o único recado é engano. E ainda tenho que ouvir essa voz esganiçada me chamando de seu merda.
A vida era realmente muito injusta, pensou ele, parado olhando a maquininha, ainda com a chave na mão. Tomou uma decisão: jogar aquilo fora. Não servia pra nada mesmo. Tinha aquela porcaria inútil há meses e o único recado que alguém tinha deixado nesse tempo todo era pra outra pessoa.
Bocejou uma, duas vezes e puxou o fio com raiva. O telefone caiu junto. Ah puta que pariu. (Pensou ele.) Carregou a secretária com ar solene até o quintal, deixando a maquininha cair na lixeira. Depois olhou, e viu que a lixeira estava sem saco plástico. Foi à cozinha, pegou um saco, voltou ao quintal. Debruçou-se na enorme lata de lixo e pegou a maquininha de lá. Tacou no chão, junto com a chave, que não sabia por que mas continuava com ele. Colocou o saco, e tacou a maquininha dentro, satisfeito.
Entrou de volta em casa resoluto, pensando: minha vida vai mudar. E enquanto caminhava na direção do banheiro, viu pela janela a vizinha pendurando roupas no varal.
Só podia ser um sinal.
O garoto olhava, intrigado. A cabeça torta, fitando a maquininha velha e preta. Puta merda, pensou, o único recado é engano. E ainda tenho que ouvir essa voz esganiçada me chamando de seu merda.
A vida era realmente muito injusta, pensou ele, parado olhando a maquininha, ainda com a chave na mão. Tomou uma decisão: jogar aquilo fora. Não servia pra nada mesmo. Tinha aquela porcaria inútil há meses e o único recado que alguém tinha deixado nesse tempo todo era pra outra pessoa.
Bocejou uma, duas vezes e puxou o fio com raiva. O telefone caiu junto. Ah puta que pariu. (Pensou ele.) Carregou a secretária com ar solene até o quintal, deixando a maquininha cair na lixeira. Depois olhou, e viu que a lixeira estava sem saco plástico. Foi à cozinha, pegou um saco, voltou ao quintal. Debruçou-se na enorme lata de lixo e pegou a maquininha de lá. Tacou no chão, junto com a chave, que não sabia por que mas continuava com ele. Colocou o saco, e tacou a maquininha dentro, satisfeito.
Entrou de volta em casa resoluto, pensando: minha vida vai mudar. E enquanto caminhava na direção do banheiro, viu pela janela a vizinha pendurando roupas no varal.
Só podia ser um sinal.
3.8.07
muitas emoções
A noite de sexta está bombando e por isso resolvi postar no blog para meus 3 leitores. Tenho muitas histórias interessantes a contar. Muitas mesmo. Tantas que nem sei por onde começar.
A primeira é que estou lamentavelmente decepcionada que este blog tenha virado... um blog de verdade. Do tipos "eu..." "então foi assim..." e tudo mais. Mas é sabido no mundo que fluozetina=alegria=produtividade-literária-baixa. Então, amigos, contentemo-nos com as histórias emocionantes do meu dia-a-dia bombante.
Historinha número 1: Eu no metrô esperando a porta abrir. Um velho gordo de blusa laranja na minha frente. Detalhe: só ele. Entro. Mofo um pouquinho até o metrô partir. Daqui a pouco olho pra fileira de cadeiras em frente e, oh!, o gordo de camisa laranja tá com uma mulherzinha sentada do lado. Os dois parecem bem entrosados. E, que coisa, ela também está de blusa laranja. O mais bizarro é que o tom do laranja dela é simplesmente idêntico ao tom da dele. isso é muito bizarro. Será que ela sentou ali de propósito? "Oh, minha alma gêmea temporária!" Será? Ou será que as probabilidades improváveis conspiraram e fizeram os dois sentarem-se um do ladinho do outro, felizes e contentes? Hm, muito estranho. Será que eles se apaixonariam um pelo outro, pelo simples fato de estarem no mesmo lugar e na mesma hora vestindo o exato mesmo tom de laranja? Alguma coisa forte em comum eles devem ter. Bom, enfim, minha estação chega e eu nunca vou saber se eles casaram e foram felizes pra sempre. Fim.
Historinha número 2: Sou o anjo da guarda da velhinha no mercado. Estou passeando no mercado comprando bobagens, como em uma boa sexta-feira bombante, de repente - paf! - cai o pacote de sucrilhos no chão. A velha, bem gorda, até que tenta se abaixar, mas percebe que é melhor virar de ladinho e fazer uma carinha sofrida pra que a menina ao lado, tão jovem e saudável e só um pouquinho acima do peso (no caso eu) se abaixe e pegue pra ela. "Oh, obrigada minha filha!", agradece a cínica velhinha, como se nem planejasse me fazer cometer este ato tão cansativo. Ok. Dessa vez até que vai. Minutos depois, estou eu indo pegar pão francês, e, pa!, lá tá a velha de novo, olhando ao redor com cara de desentendida e perguntando ao mundo: "oh, mas e os saquinhos? Não tem saquinho?" Eu, com minha mãozinha enfiada na cesta de saquinhos, digo um "tem aqui minha senhora" e pego um extra, em seguida oferecendo o mesmo pra velhinha, que além de gorda e cínica tem problemas motores porque quase pega meu saquinho junto. Talvez seja cleptomaníaca também. Nosso embate dura dois segundos, enquanto tento habilmente manter sob meu poder meu valioso saquinho para pão. Obviamente sou bem-sucedida, afinal, nenhuma velhinha gorda cínica e clepto é páreo para mim.
Assim, vencedora e pensativa sobre o amor, termino meu dia, repleta de aventuras novas e enriquecedoras. Ah essa vida! Tão emocionante!
A primeira é que estou lamentavelmente decepcionada que este blog tenha virado... um blog de verdade. Do tipos "eu..." "então foi assim..." e tudo mais. Mas é sabido no mundo que fluozetina=alegria=produtividade-literária-baixa. Então, amigos, contentemo-nos com as histórias emocionantes do meu dia-a-dia bombante.
Historinha número 1: Eu no metrô esperando a porta abrir. Um velho gordo de blusa laranja na minha frente. Detalhe: só ele. Entro. Mofo um pouquinho até o metrô partir. Daqui a pouco olho pra fileira de cadeiras em frente e, oh!, o gordo de camisa laranja tá com uma mulherzinha sentada do lado. Os dois parecem bem entrosados. E, que coisa, ela também está de blusa laranja. O mais bizarro é que o tom do laranja dela é simplesmente idêntico ao tom da dele. isso é muito bizarro. Será que ela sentou ali de propósito? "Oh, minha alma gêmea temporária!" Será? Ou será que as probabilidades improváveis conspiraram e fizeram os dois sentarem-se um do ladinho do outro, felizes e contentes? Hm, muito estranho. Será que eles se apaixonariam um pelo outro, pelo simples fato de estarem no mesmo lugar e na mesma hora vestindo o exato mesmo tom de laranja? Alguma coisa forte em comum eles devem ter. Bom, enfim, minha estação chega e eu nunca vou saber se eles casaram e foram felizes pra sempre. Fim.
Historinha número 2: Sou o anjo da guarda da velhinha no mercado. Estou passeando no mercado comprando bobagens, como em uma boa sexta-feira bombante, de repente - paf! - cai o pacote de sucrilhos no chão. A velha, bem gorda, até que tenta se abaixar, mas percebe que é melhor virar de ladinho e fazer uma carinha sofrida pra que a menina ao lado, tão jovem e saudável e só um pouquinho acima do peso (no caso eu) se abaixe e pegue pra ela. "Oh, obrigada minha filha!", agradece a cínica velhinha, como se nem planejasse me fazer cometer este ato tão cansativo. Ok. Dessa vez até que vai. Minutos depois, estou eu indo pegar pão francês, e, pa!, lá tá a velha de novo, olhando ao redor com cara de desentendida e perguntando ao mundo: "oh, mas e os saquinhos? Não tem saquinho?" Eu, com minha mãozinha enfiada na cesta de saquinhos, digo um "tem aqui minha senhora" e pego um extra, em seguida oferecendo o mesmo pra velhinha, que além de gorda e cínica tem problemas motores porque quase pega meu saquinho junto. Talvez seja cleptomaníaca também. Nosso embate dura dois segundos, enquanto tento habilmente manter sob meu poder meu valioso saquinho para pão. Obviamente sou bem-sucedida, afinal, nenhuma velhinha gorda cínica e clepto é páreo para mim.
Assim, vencedora e pensativa sobre o amor, termino meu dia, repleta de aventuras novas e enriquecedoras. Ah essa vida! Tão emocionante!