nesta quarta-feira 21 de maio
Duas cenas marcaram o dia. Mentira, foram três. A primeira foi a menina ruiva no ônibus em que eu não estava. A segunda foi a pessoa mistificada. Ambos duraram no máximo 5 segundos. Ambos fizeram a borboleta no meu estômago se revirar. O terceiro durou mais tempo, mas não foi doloroso.
A menina ruiva tinha uma aparência de fracotinha. Baixinha, branquela, cara de criança. Tava na porta do ônibus quando ele parou no ponto, pronta pra descer. Mas a porta tava fechada. Eu ouvi do lado de fora a menina dizer alto lá dentro: "motorista?" Depois ela disse de novo: "motorista?" E das duas vezes ela tinha uma expressão super segura de si e tranqüila, um micro-sorriso de boca fechada, sabe? Sim, ela me cativou com o seu "motorista?". E, no momento em que, imagino, ele olhou pra ela, a menina ruiva só apontou pra porta com o dedinho e indicou com os olhinhos que queria descer. Aí a porta abriu e ela desceu com seu sorrisinho e seu título de ídola-do-dia. Eleita por mim com honras e fofuras distantes.
A segunda cena foi a pessoa mistificada saindo num horário que não é comum a ele, e recebendo uma oferta de carona, e não me cumprimentando, provavelmente nem me vendo. E a minha cabeça criou muitas e muitas e muitas ramificações e histórias e conclusões e tudo mais que se pode imaginar dessa cena. E também do fato de eu ter me importado com a cena. Fiquei pensando que se tivesse sido algo minimamente relevante, eu não ia conseguir continuar a existir por umas 4 horas. Não, eu não sou normal.
A terceira cena foi o rapaz emoldurável que me ensinou a investir na bolsa em 30 segundos. Foi ele falando com a professora chata, mala, insuportável, de uma forma tão simples e perfeita que eu pensei "cara, me dá um prego agora pra eu pendurar ele na minha parede". Não vou conseguir explicar a essência da coisa, mas era a professora gorda, velha, chata, mal humorada, ranzinza, reclamona, e ela chegou uma hora atrasada na aula e ainda comentou que não conseguia acordar cedo, não conseguia dormir, que tava ficando velha e mimimi. E passou meia hora esculhambando os 3 alunos que estavam mostrando seus trabalhos. E o rapaz emoldurável depois levantou e disse:
- Professora, tá acabando a aula, é melhor eu vir outro dia. Elas chegaram antes de mim, é melhor eu marcar contigo um dia pra vir com mais tempo. Me diz aí quando pósso encontrar a senhora bem dormida, feliz, tranqüila...
Enfim. Não é suficiente descrever isso, mas serve pelo menos pra eu me lembrar. Ele obviamente é uma daquelas pessoas que interagem e amam o mundo, mesmo sabendo que tem muita merda por aqui. Você vê na cara dele que ele sabe que tem muita merda por aqui, quando ele comenta sobre o mundo e a vida. Mas ao mesmo tempo você vê na cara dele alguma coisa dizendo "eu tô na boa. as pessoas e o mundo são problemáticos, mas deixa comigo que eu me viro bem por aqui".
A menina ruiva tinha uma aparência de fracotinha. Baixinha, branquela, cara de criança. Tava na porta do ônibus quando ele parou no ponto, pronta pra descer. Mas a porta tava fechada. Eu ouvi do lado de fora a menina dizer alto lá dentro: "motorista?" Depois ela disse de novo: "motorista?" E das duas vezes ela tinha uma expressão super segura de si e tranqüila, um micro-sorriso de boca fechada, sabe? Sim, ela me cativou com o seu "motorista?". E, no momento em que, imagino, ele olhou pra ela, a menina ruiva só apontou pra porta com o dedinho e indicou com os olhinhos que queria descer. Aí a porta abriu e ela desceu com seu sorrisinho e seu título de ídola-do-dia. Eleita por mim com honras e fofuras distantes.
A segunda cena foi a pessoa mistificada saindo num horário que não é comum a ele, e recebendo uma oferta de carona, e não me cumprimentando, provavelmente nem me vendo. E a minha cabeça criou muitas e muitas e muitas ramificações e histórias e conclusões e tudo mais que se pode imaginar dessa cena. E também do fato de eu ter me importado com a cena. Fiquei pensando que se tivesse sido algo minimamente relevante, eu não ia conseguir continuar a existir por umas 4 horas. Não, eu não sou normal.
A terceira cena foi o rapaz emoldurável que me ensinou a investir na bolsa em 30 segundos. Foi ele falando com a professora chata, mala, insuportável, de uma forma tão simples e perfeita que eu pensei "cara, me dá um prego agora pra eu pendurar ele na minha parede". Não vou conseguir explicar a essência da coisa, mas era a professora gorda, velha, chata, mal humorada, ranzinza, reclamona, e ela chegou uma hora atrasada na aula e ainda comentou que não conseguia acordar cedo, não conseguia dormir, que tava ficando velha e mimimi. E passou meia hora esculhambando os 3 alunos que estavam mostrando seus trabalhos. E o rapaz emoldurável depois levantou e disse:
- Professora, tá acabando a aula, é melhor eu vir outro dia. Elas chegaram antes de mim, é melhor eu marcar contigo um dia pra vir com mais tempo. Me diz aí quando pósso encontrar a senhora bem dormida, feliz, tranqüila...
Enfim. Não é suficiente descrever isso, mas serve pelo menos pra eu me lembrar. Ele obviamente é uma daquelas pessoas que interagem e amam o mundo, mesmo sabendo que tem muita merda por aqui. Você vê na cara dele que ele sabe que tem muita merda por aqui, quando ele comenta sobre o mundo e a vida. Mas ao mesmo tempo você vê na cara dele alguma coisa dizendo "eu tô na boa. as pessoas e o mundo são problemáticos, mas deixa comigo que eu me viro bem por aqui".
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