no psiquiatra
Pela primeira vez dr. Nocera não perguntou tudo de novo nem anotou tudo de novo. Fiquei feliz por isso. Parecia até que ele se lembrava de mim. Dr. Nocera começou a diminui meu remédio (eba!). Porque por algumas semanas eu - veja bem - esqueci do TOC. Alguém sente o drama de esquecer uma obsessão-compulsão? Sabe o que significa isso? É lindo demais.
*
- Quer dizer então que você desistiu da psicologia.
- É, era terapia de grupo, eu não gostei da psicóloga, o troço não andava, uma perda de tempo. Tava pensando em procurar particular.
- É, Sheila, aí cabe a você avaliar a questão custo/benefício da terapia. Porque veja bem, é uma coisa onerosa, e nem sempre tem resultados práticos, não sei que tipo de resultado produziria pra esse seu tipo de problema. Se você chegou a atingir a remissão dos sintomas, sinal de que você tem um bom controle psicológico e um bom senso racional que permitem lidar com o processo do TOC e da superação do TOC...
- É, na verdade eu pensei em unir as duas coisas também. Eu ando muito ansiosa esses dias, cheia de coisa na cabeça, sei lá.
- Mas também muitas coisas você há de reconhecer que são da vida. A gente não pode categorizar, diagnosticar tudo, analisar tudo como transtornos... Muitas coisas são da vida, do processo normal do ser humano, muitas coisas que a princípio a gente não compreende mas que a própria vivência vai ensinando a lidar...
- É verdade. Você é antipsicologia então.
- Não, não, eu só acho que as pessoas devem ir um pouco mais conscientes do que elas estão procurando. Tem gente que vai no psicólogo e não sabe nem o que vai falar, só quer "melhorar a vida", "se sentir melhor", coisas assim.
- Sei. É que essas semanas eu tenho andado com umas obsessões meio esquisitas.
- Por exemplo?
- Ah, não sei, eu tenho umas neuroses com comida, com música, com pessoas, acabo agindo assim com tudo. Tipo, sei lá, eu descubro um chocolate novo, fico semanas só comprando esse chocolate direto, e não consigo saber de outro...
- Mas ao comer o chocolate você se satisfaz, não?
- Sim, mas só na hora, e logo depois eu já to pensando em quando vou comer aquilo de novo, e fica aquilo na minha cabeça. Eu crio fases com vícios.
- E qual o problema?
- O problema é que eu sou assim com as pessoas também, e é uma coisa esquisita. Pessoas não são chocolate.
- É, Sheila, na minha opinião, isso é uma característica sua, da sua personalidade, e não necessariamente é algo que deva ser "curado" ou algo assim... De repente você ainda não aprendeu a controlar ou a lidar com isso de uma forma saudável..
- Mas é justamente pra isso que eu tava pensando na terapia. Você paga alguém pra te ouvir, em vez de alugar sua mãe e seus amigos e ficar enchendo o saco deles.
- Bom, ah isso é... Mas procura também tentar descobrir por que essa sua necessidade de álguém te ouvir. Por que, como você diz, a mãe ou os amigos não são suficientes. Entende o que eu quero dizer? Acho que a terapia tem que ser um pouco mais focada, menos abstrata, menos vaga...
*
É, doutor. Pessoas não são chocolate. As pessoas percebem a sua neurose e consideram você psycho. Ou elas não percebem nada e você é que acha que elas perceberam e começa a agir estranho com ela, que acabam se afastando de você e ... Enfim. Muito complexa a vida, muito complexa. Blog é uma forma de autoterapia também.
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- Quer dizer então que você desistiu da psicologia.
- É, era terapia de grupo, eu não gostei da psicóloga, o troço não andava, uma perda de tempo. Tava pensando em procurar particular.
- É, Sheila, aí cabe a você avaliar a questão custo/benefício da terapia. Porque veja bem, é uma coisa onerosa, e nem sempre tem resultados práticos, não sei que tipo de resultado produziria pra esse seu tipo de problema. Se você chegou a atingir a remissão dos sintomas, sinal de que você tem um bom controle psicológico e um bom senso racional que permitem lidar com o processo do TOC e da superação do TOC...
- É, na verdade eu pensei em unir as duas coisas também. Eu ando muito ansiosa esses dias, cheia de coisa na cabeça, sei lá.
- Mas também muitas coisas você há de reconhecer que são da vida. A gente não pode categorizar, diagnosticar tudo, analisar tudo como transtornos... Muitas coisas são da vida, do processo normal do ser humano, muitas coisas que a princípio a gente não compreende mas que a própria vivência vai ensinando a lidar...
- É verdade. Você é antipsicologia então.
- Não, não, eu só acho que as pessoas devem ir um pouco mais conscientes do que elas estão procurando. Tem gente que vai no psicólogo e não sabe nem o que vai falar, só quer "melhorar a vida", "se sentir melhor", coisas assim.
- Sei. É que essas semanas eu tenho andado com umas obsessões meio esquisitas.
- Por exemplo?
- Ah, não sei, eu tenho umas neuroses com comida, com música, com pessoas, acabo agindo assim com tudo. Tipo, sei lá, eu descubro um chocolate novo, fico semanas só comprando esse chocolate direto, e não consigo saber de outro...
- Mas ao comer o chocolate você se satisfaz, não?
- Sim, mas só na hora, e logo depois eu já to pensando em quando vou comer aquilo de novo, e fica aquilo na minha cabeça. Eu crio fases com vícios.
- E qual o problema?
- O problema é que eu sou assim com as pessoas também, e é uma coisa esquisita. Pessoas não são chocolate.
- É, Sheila, na minha opinião, isso é uma característica sua, da sua personalidade, e não necessariamente é algo que deva ser "curado" ou algo assim... De repente você ainda não aprendeu a controlar ou a lidar com isso de uma forma saudável..
- Mas é justamente pra isso que eu tava pensando na terapia. Você paga alguém pra te ouvir, em vez de alugar sua mãe e seus amigos e ficar enchendo o saco deles.
- Bom, ah isso é... Mas procura também tentar descobrir por que essa sua necessidade de álguém te ouvir. Por que, como você diz, a mãe ou os amigos não são suficientes. Entende o que eu quero dizer? Acho que a terapia tem que ser um pouco mais focada, menos abstrata, menos vaga...
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É, doutor. Pessoas não são chocolate. As pessoas percebem a sua neurose e consideram você psycho. Ou elas não percebem nada e você é que acha que elas perceberam e começa a agir estranho com ela, que acabam se afastando de você e ... Enfim. Muito complexa a vida, muito complexa. Blog é uma forma de autoterapia também.
1 Comments:
"Ou elas não percebem nada e você é que acha que elas perceberam e começa a agir estranho com ela, que acabam se afastando de você e ... Enfim."
Perdi algumas das minhas melhores amizades por isso.
Estranhamente, nunca fiz nenhum tipo de terapia. Deveria.
By Edson, at sábado, maio 10, 2008
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