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24.3.09

a product of a broken home

A Érica contou como foi a entrevista de triagem dela para fazer terapia no Círculo Brasileiro de Psicanálise ("podia ser um triângulo, podia ser um quadrado, mas não, é um círculo...") e eu fiquei com inveja, vou contar como foi a minha também.

-E aí, me conta sobre você. Mora com quem, tem amigos...?
-Moro com meus pais. Minha irmã casou e saiu de casa.
-E você estuda, trabalha...?
-Me formei faz pouco tempo. Tô trabalhando em casa.
-E você faz o quê?
-Basicamente, revisão pra livros.
-E o quê mais?
-Hã... sei lá. Tô namorando faz quase um ano, tenho meus amigos...
-Por que você decidiu procurar terapia?
-Minha médica recomendou, e eu também senti necessidade de repensar algumas coisas, falar sobre algumas coisas que me incomodam. Eu faço tratamento pra TOC e distimia, e ela disse que a terapia ajuda bastante nesses casos.
-Você toma remédio?
-Fluoxetina, 60 mg, e semana passada ela me passou outro porque eu tava reclamando de frequentes crises depressivas, comecei ontem a tomar carbolitium.
-E isso que você falou de algumas coisas que te incomodam, desde quando você sente isso, essas crises depressivas?
-Nossa (risadinha) ... Desde que eu me entendo por gente.
-E só agora resolveu procurar terapia?
-Ah não, eu fiz algumas vezes antes, a primeira vez eu tinha 11 anos, depois aos 20, mas aí meus pais não tinham dinheiro e resolveram parar de pagar. Eu também não gostava muito não.

Basicamente foi isso. E voltei pra casa me debulhando em lágrimas no ônibus. Saudável, eu diria. Uma pessoa controlada. Necessidade alguma de se tratar. Acho que foi a parte do "desde quando" que deu esse baque, porque pensei: "Puta merda, minha vida inteira sempre foi depressão total, os últimos 3 anos é que foram melhorzinhos, mas o resto... putz... só bosta." Digamos que não é muito legal você olhar pra trás e ver que 80% da sua vida você passou com a cabeça bichada, pensando merda, se achando uma bosta, levando uma vida que não queria, bla bla blá. Posso estar exagerando. Posso não estar. Espero que quando eu chegar aos 30 essa porcentagem de depressão na vida esteja abaixo de 50%.

16.3.09

oh sweet nuthin'

Mamãe tem 59 anos e fica cada dia mais chata. Assuntos desinteressantes, risadas que riem do que não tem graça, opiniões sempre discordantes das minhas. Alguém que não admiro, mas cujo bem desejo muito. Talvez minha obrigação seja fingir que me interesso pelo que ela diz. Talvez ela precise de mais amigas. Talvez ela vá ficar como Kananbala, do Atlas de anseios impossíveis: Esperando o marido chegar em casa pra jogar sobre ele todos os papos desinteressantes que ela precisa jogar sobre alguém. E o marido, que tem muito mais gente com quem conversar, acha tudo um saco o que ela diz, e faz cara de tédio, e é esse o casamento. Os dois ficando velhos, cada vez menos interessados um no outro. Pretendo sair de casa ano que vem no máximo. Tenho pena de deixar ela aqui com o grosso do meu pai, mas é inevitável. Claro que não vou me conter por isso. Kananbala, em certo ponto, sem ter com quem falar, criou uma espécie de Alzheimer e começou a falar palavrão e obscenidades e grosserias aleatoriamente, depois não se lembrava de ter dito nada disso.  Não lembro o nome da doença. Cada vez que minha mãe se aproxima com suas conversas bocejantes imagino ela em alguns anos soltando impropérios a torto e a direito e as pessoas em volta com pena. É uma merda ficar velho. Deve ser uma merda envelhecer e ver a merda que foi a sua vida. Mas minha mãe não tem essa consciência, para a sorte dela. Thainara uma vez contou a história de uma amiga que, depois de casada, virou dona de casa a pedido do marido, e aí depois de um tempo, como ela não tinha mais assunto interessante a abordar, só o preço da batata e a nova vassoura que comprou e coisas assim, o marido se separou dela. 

***

Preciso de terapia.

7.3.09

Que vergonha

Ai gente. Essa música é muito legal. E o clipe ainda é divertidinho...

4.3.09

eusou-eusou-eusoumau

Por um milagre dos céus, o dia foi perfeito. Exceto por agora, que estou "desperdiçando" minha última hora trabalhável do dia escrevendo aqui, fiz 37 páginas até agora da minha cota de 40 e tudo maravilhosamente bem. Sanidade mental, sono controlado, neuroses afastadas, uma maravilha. Mas pra manter a tradição, quero só deixar registrado: queria tanto que o meu tio esquizofrênico morresse. É sério. É horrível, mas é sincero. Se Deus existe, ele com certeza vai me castigar por isso. Mas sabe, uma vida inútil, comendo-dormindo-sofrendo, e ele baba e fede, e a existência dele me deprime. Claro que as pessoas não devem morrer pelo simples objetivo de me poupar da depressão, mas sério, quem ia realmente sentir falta dele?