Conto de fadas sem título
Era uma vez, no distante reino de New Westhampton, conhecido pelos poderes terapêuticos das águas de seus rios e pela sua produção de lã das mais variadas cores, um casal de irmãos incoerentes com sua posição de descendentes da realeza. Chamavam-se Leland e Anne. Leland, seis anos mais velho, freqüentemente era acusado pelos pais e pelos demais membros notáveis da corte de ter influenciado negativamente sua irmãzinha, levando-a a cometer as pequenas infrações e travessuras que ele se acostumara a fazer desde criança. Leland, por vezes, buscara a companhia de plebeus para suas aventuras, o que chamara ainda mais atenção para seus pequenos escândalos. Mas desde que a pequena Anne atingira a idade suficiente para segui-lo e admirá-lo, tal abuso tornou-se desnecessário. Assim, as pequenas rebeldias de criança deixaram de envolver discrepâncias sociais e passaram a ser apenas simbolicamente incômodas, comportamentalmente(?) desaconselháveis. Devido a tão pouca gravidade, e somado ao fato de o reino estar embebido em uma fase de bem-aventurança com a venda das lãs coloridas e o turismo pelos parques aquáticos, o rei e a rainha, naturalmente os pais de Leland e Anne, limitavam-se a repreensões leves e, mais freqüentemente ainda, fingiam ignorar o destino que se afigurava aos jovens herdeiros. Afinal, eram meras crianças, e o sucesso financeiro imprimia aos reis uma condescendência incomum aos reis e rainhas dos contos de fadas.
Talvez tenha sido esse excesso de negligência o culpado pelo trágico destino que alcançou a princesa Anne. Dizem que tais histórias acontecem às vezes para aqueles inquietos de espírito; dizem que a pobre menina foi vítima de forças negativas, que haviam sido aprisionadas pelo padre local mas que, por algum motivo desconhecido, conseguiram rebelar-se. Dizem também que nada disso nunca poderia ocorrer, e que tais idéias fantasiosas são meras invenções cujo objetivo é simplesmente manter o comportamento correto das crianças, assustando-as com contos de fadas assombrosos, impedindo-as assim de se aproximarem da densa floresta ao sul do território de New Westhampton.
Os irmãos ouviam histórias de que a floresta era encantada e habitada por fadas, elfos, duendes e demais criaturas. E que a presença desses, embora estivessem sempre invisíveis aos meros mortais, produzia naquela área produtos de inusitada formação. Eram folhas e flores azuis, formigas que previam o futuro, girassóis que seguiam a lua em vez do sol, troncos de árvores que mudavam de posição ao longo das noites, narcisos-dos-prados que produziam mel, porções de terra que encerravam passagens secretas... Certamente que ninguém nunca tinha de fato encontrado um desses, mas todos alegavam o feito, embora nunca mostrassem aos outros.
Pois então Leland e Anne queriam encontrar tudo isso. E mostrar, que não fosse para todo o reino, pelo menos um para o outro.
*
(CONTINUA NO PRÓXIMO CAPÍTULO)
Talvez tenha sido esse excesso de negligência o culpado pelo trágico destino que alcançou a princesa Anne. Dizem que tais histórias acontecem às vezes para aqueles inquietos de espírito; dizem que a pobre menina foi vítima de forças negativas, que haviam sido aprisionadas pelo padre local mas que, por algum motivo desconhecido, conseguiram rebelar-se. Dizem também que nada disso nunca poderia ocorrer, e que tais idéias fantasiosas são meras invenções cujo objetivo é simplesmente manter o comportamento correto das crianças, assustando-as com contos de fadas assombrosos, impedindo-as assim de se aproximarem da densa floresta ao sul do território de New Westhampton.
Os irmãos ouviam histórias de que a floresta era encantada e habitada por fadas, elfos, duendes e demais criaturas. E que a presença desses, embora estivessem sempre invisíveis aos meros mortais, produzia naquela área produtos de inusitada formação. Eram folhas e flores azuis, formigas que previam o futuro, girassóis que seguiam a lua em vez do sol, troncos de árvores que mudavam de posição ao longo das noites, narcisos-dos-prados que produziam mel, porções de terra que encerravam passagens secretas... Certamente que ninguém nunca tinha de fato encontrado um desses, mas todos alegavam o feito, embora nunca mostrassem aos outros.
Pois então Leland e Anne queriam encontrar tudo isso. E mostrar, que não fosse para todo o reino, pelo menos um para o outro.
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(CONTINUA NO PRÓXIMO CAPÍTULO)
1 Comments:
Dá pra comentar? Que legal! Como faço?
By Anônimo, at quinta-feira, dezembro 22, 2005
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