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“É engraçado, assim, lembrar de certas coisas que ela dizia. Olha...juro pra você. Não é mentira não. Aliás só lembrei dela porque lembrei da Xuxa. Hein? Não, nada a ver com ela. Uma vez estávamos nós dois vendo televisão na sala... é, programão... me lembro vagamente do que tava passando. Claro que tinha a Xuxa no meio, mas você veja bem, ela disse simplesmente: Nossa, essa mulher é foda! É, eu sei. Não, tudo bem. Mas não sei se você me entende, é porque você não viu aquele sorriso de admiração... eu diria até que ela olhava não a tv, mas o horizonte (se desse pra ver o horizonte através da parede). Daquele jeito brega e melancólico, só faltava juntar as mãozinhas e suspirar piscando os olhos. E o tom de voz dela...como eu diria? Era muito, muito sério.”
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“Bom, teve uma outra que me deixou numa situação meio chata. Já viu aquelas cenas constrangedoras de restaurante? Pior que era no McDonald’s. Porque tá todo mundo lá concentrado nas próprias comidas, e aí vem alguém e fala mais alto, ou dá a impressão de não estar satisfeito com suas batatas, e começa todo mundo a olhar, sem parar de mastigar, mastigar, mastigar. Sim, restaurantes são bons cenários pra filmes de comédia, nunca tinha pensado nisso. Mas então, o que eu dizia? Ah sim. Não lembro exatamente do que estávamos falando, nada muito elaborado, mas a garota começou a divagar sobre as estruturas da vida. Não que eu realmente quisesse conversar sobre isso, mas tive que perguntar o que era pra não deixar o assunto morrer. A garota me lançou numa de nascer, crescer, casar, morrer...comer, beber, viver...sabe? E do nosso lado tinha se instalado uma família, os pais lá todos bobos com duas crianças loirinhas pedindo hambúrguer! hambúrguer!, e a garota comentando como era danoso e traumático esse negócio de família, o porquê da nacessidade de procriação, todas essas coisas. E olhando pra mim como se fosse uma estudiosa apresentando seu mais novo projeto de antropologia. O pessoal do lado só faltava tacar a bandeja na gente, e as criancinhas olhando assustadas, prestando atenção. Tenho medo de que uma delas mate os pais qualquer dia desses.”
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“Ah não, essa era até legal. Era divertida. Às vezes falava umas coisas estranhas. Tinha mania de parar nas vitrines e comentar ‘Esse é um bom corpo para homens’, ou ‘Esse é um bom corpo para mulheres’, analisando os manequins. É, ela pedia minha opinião, mas eu fingia que tava interessado na roupa, pra fugir do assunto.”
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“Bom, teve uma outra que me deixou numa situação meio chata. Já viu aquelas cenas constrangedoras de restaurante? Pior que era no McDonald’s. Porque tá todo mundo lá concentrado nas próprias comidas, e aí vem alguém e fala mais alto, ou dá a impressão de não estar satisfeito com suas batatas, e começa todo mundo a olhar, sem parar de mastigar, mastigar, mastigar. Sim, restaurantes são bons cenários pra filmes de comédia, nunca tinha pensado nisso. Mas então, o que eu dizia? Ah sim. Não lembro exatamente do que estávamos falando, nada muito elaborado, mas a garota começou a divagar sobre as estruturas da vida. Não que eu realmente quisesse conversar sobre isso, mas tive que perguntar o que era pra não deixar o assunto morrer. A garota me lançou numa de nascer, crescer, casar, morrer...comer, beber, viver...sabe? E do nosso lado tinha se instalado uma família, os pais lá todos bobos com duas crianças loirinhas pedindo hambúrguer! hambúrguer!, e a garota comentando como era danoso e traumático esse negócio de família, o porquê da nacessidade de procriação, todas essas coisas. E olhando pra mim como se fosse uma estudiosa apresentando seu mais novo projeto de antropologia. O pessoal do lado só faltava tacar a bandeja na gente, e as criancinhas olhando assustadas, prestando atenção. Tenho medo de que uma delas mate os pais qualquer dia desses.”
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“Ah não, essa era até legal. Era divertida. Às vezes falava umas coisas estranhas. Tinha mania de parar nas vitrines e comentar ‘Esse é um bom corpo para homens’, ou ‘Esse é um bom corpo para mulheres’, analisando os manequins. É, ela pedia minha opinião, mas eu fingia que tava interessado na roupa, pra fugir do assunto.”
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