alegria de nerd
Gente, olha que fofo: eram 11 da manhã quando chegou uma caixa enorme lá no editorial. Aí a chefe da seção, empolgadíssima, começou a chamar todo mundo pro "momento solene". Pensei que eu não tivesse adivinhado que diabos era aquilo por ser uma mera estagiária, mas, pelas caras dos companheiros, vi que eu não era a única. A mulher estava tão eufórica, deviam ser chocolates suíços, algum brinde maneiro, sei lá... Aí todo mundo se aproximou e começaram a jorrar livros da caixa. Mas não meros livros. Obras de referência. Eu não sei quanto a vocês, mas antes de eu começar a trabalhar em editora achava que esses lugares eram cheios de livros bacanudos nas estantes, que se você quisesse consultar qualquer coisa tinha à mão... que nada. Talvez na Companhia das Letras, mas nas duas maiores editoras do Rio de Janeiro a situação é patética: enciclopédias caindo aos pedaços (até aí tudo bem, ninguém mais usa enciclopédia), atlas do século retrasado, dicionários da época de Machado de Assis, e por aí vai. Tudo obviamente muito velho e inútil, e a empresa acha que é gastar à toa comprar aquelas coisas. Tipos "ah, procura no google que acha", eles devem responder quando recebem algum pedido de compra daquele. Mas aí por um acaso do destino (um recém-contratado querendo mostrar serviço), dessa vez a Ediouro conseguiu.
E aí começou a cena: todo mundo comovido, tirando livros da caixa, babando, fazendo comentários do tipo "olha essa gramáticaaaaaaaaa", ou "esse dicionário é muito foda, custa 150 reais", ou "geeeente, esse é da martins fontes... mar-tins fon-tesss", ou "meu deus, um dicionário de italianoooooo...finalmente", e por aí vai. Espanhol, alemão, inglês, todas as línguas ao alcance das suas mãos. Todas as suas dúvidas gramaticais a um pulo da extinção. Manual de Redação da Folha. Dicionário prático de regência. Coisas assim. E todo mundo babando em volta: as meninas dando gritinhos; os rapazes, mais contidos, comentando a lombada colorida.
E a Juliana, voltando pra cadeira depois dos orgasmos livrísticos: "É tão fácil fazer a gente feliz..."
*
You could have been a legend,
but you became a father.
That's what you are today.
The National - Slipping Husband
E aí começou a cena: todo mundo comovido, tirando livros da caixa, babando, fazendo comentários do tipo "olha essa gramáticaaaaaaaaa", ou "esse dicionário é muito foda, custa 150 reais", ou "geeeente, esse é da martins fontes... mar-tins fon-tesss", ou "meu deus, um dicionário de italianoooooo...finalmente", e por aí vai. Espanhol, alemão, inglês, todas as línguas ao alcance das suas mãos. Todas as suas dúvidas gramaticais a um pulo da extinção. Manual de Redação da Folha. Dicionário prático de regência. Coisas assim. E todo mundo babando em volta: as meninas dando gritinhos; os rapazes, mais contidos, comentando a lombada colorida.
E a Juliana, voltando pra cadeira depois dos orgasmos livrísticos: "É tão fácil fazer a gente feliz..."
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You could have been a legend,
but you became a father.
That's what you are today.
The National - Slipping Husband
1 Comments:
legal, cara! dicionário é uma coisa orgásmica mesmo.
By Anônimo, at quinta-feira, maio 29, 2008
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