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31.8.08

post de conteúdo

"Mas quando se trata de repressão, será que nós também estamos munidos de um talento secreto para ela? Assim insinuou Freud, seu cronista mais sensato. Um certo grau de repressão básica é necessário para a sobrevivência de qualquer civilização: se todos trepássemos livremente sempre que surgisse o impulso, que energia restaria para erguer uma cultura? Mas com a civilização alcançada e agora firmemente estabelecida, será que não pressionamos mais do que o necessário, gerando um superávit de repressão, na expressão de outro membro errante da Escola de Frankfurt, Herbert Marcuse? Será que estamos um pouco nervosos com a possibilidade de nossa própria liberdade? Pense na pouca resistência que essas forças repressivas encontram quando se infiltram nas cercanias da vida diária. Resistência? É mais como mademoiselles recebendo as tropas fascistas de ocupação com olhares sedutores e recatados sorrisos convidativos. "Bela bota, monsieur..."

*

Então estou lendo vários livros ao mesmo tempo porque enjôo fácil e fico pulando de um pra outro. Esse trecho é do Contra o amor, presente da querida Rebeca (oi, Rebeca!), que, como não é ficção nem historinhas, demoro mais a ler. Engraçado que eu fico lendo essas análises e pensando "é, é mesmo! é isso aí!", mas aí se outro cara vem e diz que repressão hoje em dia é uma coisa que as pessoas rejeitam, lá vou, lembro do mundo ao redor de novo, e penso: "É, é verdade! É isso aí!" Tudo bem que existem várias faces da realidade (que chique eu) e tal, mas isso só me faz pensar que não tenho opinião formada sobre as coisas - ou que acho o mundo complexo demais pra sintetizar assim. Gosto dessas sínteses. Dessas análises e tal. Nem sempre concordo, também não é assim. Mas, como nesse caso, sou capaz de concordar com posições as mais contraditórias, e isso pode ser tanto um erro de generalização do autor da análise em questão quanto uma fraqueza minha de relativizar tanto que acabo não chegando a conclusão alguma. Por isso a minha dificuldade para opinar. Como eu estava conversando com uma amiga minha também meio que sem opinião, sou geralmente aquela que fica parada com cara de bunda e os outros pensam que estou desprezando a conversa, mas não, estou na verdade é pensando sobre as coisas e tentando fazer as vozes na minha cabeça chegarem a um acordo a tempo de conseguir participar da conversa. Não acontece muito, infelizmente.

Bom, terminei essa semana o Na Praia, presente do Edson (oi, Edson!) e pra falar a verdade não gostei muito não. Achei meio chato. É aquele tipo de livro que vale a pena ler, é bem escrito e tal, mas nãoi me identifiquei forte com nada ali e achei aquele desfecho meio apressado e, sei lá, enfim, não é por ser pessimista, mas tem um tom de exagero caindo pro piegas. Isso só no final final mesmo. Já o final clímax só não gostei da situação... aqueles dois idiotas, dá vontade de bater na cara deles e ensinar a viver. (Como se eu soubesse.)

29.8.08

move to kansas city

Então é setxa-feira, mais uma semana acaba, que seja feliz quem souber o que é o beeeem... Neuroses ontem, tédio forte na segunda, discussão na quarta. Tenho muito a escrever mas agora deu preguiça e as idéias vêm sempre pela manhã. Mas agora sou atleta e de manhã estou na academia malhando. Yeah, yeah! Ou seja: post inútil.

21.8.08

pose de engajada

Poxa, várias vezes ao longo do dia penso em alguma coisa útil pra postar aqui e penso em escrever alguma coisa decente e interessante sobre, sei lá, a desigualdade social, e que seja sucinto e perspicaz e sagaz e tudo mais (ha!) mas aí eu não escrevo nada ou quando escrevo sai uma bosta. Na verdade tenho preguiça de pensar e escrever sobre coisas sérias. Sérias e objetivas, sabe? Tipo economia, política, a situação do Rio de Janeiro e essas merdas cansativas. Cansativas. Can-sa-ti-vas. Porque sim, é verdade que alguém tem que fazer alguma coisa pelos pobres e os sofridos mas ei, que seja outro, que não seja eu. Cada um com seus talentos e suas cotas de coisas sérias a fazer pelo mundo, e definitivamente eu não nasci pra ficar distribuindo sopão na madrugada ou fazendo palhaçada pras criancinhas com câncer. É aquela coisa: oh, coitadas, torço muito que elas melhorem, mas posso torcer aqui da minha casinha sem olhar pra cara delas. Elas são carecas, poxa. Ok, não todas, mas você pegou o espírito da coisa? Odeio pobre. Pobres em grupo, na verdade. Pobres sozinhos você até releva, agüenta puxar aquele papo do pagodeiro que saiu da prisão e tal pra poder ter o que falar, mas em grupo não dá. Não é culpa deles serem sujos e mal educados e não terem bom gosto e falarem alto e serem feios e se vestirem mal e.... enfim, não é culpa deles, eu sei, gostaria muito que todos eles fossem limpinhos e felizes e com dinheiro no bolso, mas eles existem. E eu não gosto deles. Não da pessoa em si, mas caramba... É assim: você odeia chuva, mas sabe que é necessário, o que não faz você deixar de odiar a chuva. Não que os pobres sejam necessários (aí é outra discussão), mas po, coitados, nem todo mundo tem oportunidades, mas saber que o mundo é desigual e que se pudessem todo mundo seria rico, bom, isso não muda o fato de que eles fedem. Tá bom, tá bom, nem todos fedem, mas ah, que saco ter que explicar tudo também. Além do quê, eu to postando e escrevendo isso porque quero e não tenho que explicar nada. E já me perdi. E resumindo: ricos também são chatos, nada muito a favor deles, cada um com seus problemas, mas é bem mais agradável pegar transporte público com pessoas que não tenham espírito de favelado. To falando isso por causa daquela bosta de 634 e de Bonsucesso, e aí você vai pra linha 1 do metrô e você consegue suportar a viagem sofrendo apenas de tédio,e não de asco pelos indivíduos ao seu redor.

Viu? Vou desistir desse negócio. Não sei organizar minhas idéias. Parei do nada e não falei um monte de coisa e repeti outras mais e... parei.

19.8.08

copia-cola

"E a grande ironia é que o orgulho de uma virtude não é apenas imodesto e feio; o orgulho também revela o quanto aquela virtude é difícil (ou talvez até mesmo impossível) para você. A honestidade é uma virtude tão básica- quase digo tão banal- que quem se orgulha dela revela que tem o senso moral de uma criança. É como ser excessivamente orgulhoso, e sempre comentar com outros, sobre o fato de que você sabe amarrar os sapatos sozinho, ou escova os dentes todo dia, ou sabe andar de bicicleta sem as rodinhas. Contar a verdade é o mínimo que se espera de uma pessoa em qualquer contexto social ou moral; esperar ser congratulado quando você anuncia sua imensa sinceridade é como esperar um troféu por não calçar seus sapatos no pé errado."

(...)

Daqui: http://pensamentoscativos.blogspot.com/

11.8.08

mais uma de Deus

Mamãe comentou alguma coisa sobre a resposta do emprego, respondi que ainda não recebi nada. Que também não estou preocupada com isso, e que as pessoas demoram mesmo, às vezes nem resposta dão. Disse ela que o melhor seria deixar nas mãos de Deus. Continuei penteando o cabelo e comentei que eu preferia que ela finalmente parasse de falar desse jeito comigo, que não fazia mais sentido falar isso pra quem já não mais acreditava em Deus. "Mas você não acredita que Deus exista?" Talvez, mãe, talvez, mas isso já não faz mais parte da minha vida, muito menos isso da igreja de deixar sua vida nas mãos de Deus, de agradecer a Deus pelas "bençãos recebidas", essas coisas. Disse a ela que não me ofendia nem nada, mas que eu me sentiria melhor se ela parasse de insistir nisso, que cada vez que ela falava assim era como se eu tivesse que responder "é, é..." fingindo que ainda acredito. Isso sim pesa. Não muito, mas pesa. Que ela comentasse coisas de religião relacionadas a ela, sem problemas, "Vou orar por você", "Hoje o culto foi muito bom", isso sim. Mamãe olhou pra baixo, murmurou um "que pena", e eu sei exatamente que ela sente muito por isso.

8.8.08

Burroughs

Minha nova mania é o Junky. Apesar dos transtornos que às vezes ele dá (falta de ar, sofrimento, desfalecimento, iminência de desmaio), o livro é muito bom. Fiquem tranqüilos, não vou postar os trechos sofríveis.

*

"Jack tinha uma cara barbeada e saudável de garoto do interior, mas havia alguma coisa curiosamente doente nele. Estava sujeito a variações de peso, como um diabético ou alguém com problema de fígado. Essas mudanças no peso eram freqüentemente acompanhadas por um ataque incontrolável de agitação, e então ele desaparecia por uns dias.

O efeito era estranho. Um dia você o via como um rapaz de cara rosada. Dali a mais ou menos uma semana, aparecia tão magro, pálido e com cara de velho que você tinha de olhar duas vezes para reconhecê-lo. Seu rosto vinha marcado por um sofrimento do qual os olhos não participavam. Tratava-se de um sofrimento exclusivo de suas células. Ele mesmo ─ o ego consciente que olhava através dos olhos tranqüilos e brilhantes de gângster ─ não tinha nada a ver com esse sofrimento proveniente desse seu outro eu rejeitado, um sofrimento do sistema nervoso, de carne, vísceras e células."

7.8.08

pensamento aleatório do dia, ouvindo Johnny Cash

Outro dia, e não só uma vez, cheguei à conclusão, pra mim mesma, que se a gente tenta, tenta e tenta, e o objeto de tentar é alguma coisa genérica tipo “ser feliz” ou “alcançar alguma coisa”, e se de repente a gente tem medo por nosso métodos serem um tanto não-convencionais e arriscados, e que se por acaso no final, um final vago e inexistente mas que de alguma forma acaba chegando, se a gente não alcança... que sim, grande bosta, mas caramba, eu acreditava no meu método, sabe? Eu realmente acreditava nele, e de repente poderia ter dado certo...

4.8.08

iniciando agosto

"Um dos tópicos prediletos dos dois era falar da infância deles, não tanto dos prazeres quanto da bruma de equívocos cômicos da qual eles emergiram, dos vários erros dos pais e das práticas ultrapassadas que já não podiam perdoar."

A frase tem um tom de lamento e eu me identifiquei mas não, não estou triste. Ouvindo músicas felizes e com cheiro de happy life, passei o dia hoje rejeitando as deprês da rádio da Last FM - não por medo, mas por falta de compatibilidade. Bonito, não? Mas bem, as neuroses continuam, as dificuldades e tal, mas não tenho do que reclamar. Quero emagrecer, ser mais produtiva, menos idiota e ganhar mais dinheiro, mas o ritmo vai indo e estou no caminho, eu e meus passinhos normais. Na casa dele eu só ouço música brasileira e estou criando uma pasta com mp3 minhas, e quando tocou Damage eu fiquei séria e ele achou que eu tinha de repente entristecido. Achei, digamos, curioso. Eu queria que o dia não acabasse nunca mas foi só ouvir aquilo e pensar que eu lembrei perfeitamente bem da sensação de tristeza. Não é como quando você está derretendo de calor e não consegue se imaginar sentindo frio em algum momento da vida. Ou vice-versa. Qual o interesse disso? Qual a novidade? Não sei. Continuo me surpreendendo com amenidades aparentemente evidentes demais pra terem algum significado.