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15.2.09

vomitando sentimentalismo

O show do Jens Lekman foi muito bom mesmo. Estou lembrando agora porque meu winamp em shuffle me presenteou com "Maple leaves", e ela é tão bonita. Na época eu estava prestes a embarcar para os Estados Unidos. E aquele que eu jurava que era o grande amor da minha vida tinha acabado de terminar o namoro, e eu ia ficar longe dele, mas naquele dia eu ia encontrá-lo lá. E o carinha do Kings of Convenience, cujo nome não me lembro, e acho que não era o Erlend Oye, tinha uma meia de cada cor e foi chato pra caramba pedindo que as pessoas calassem a boca e fizessem silência pra ele cantar. Bo-ring. E aí o Jens veio depois e mandou todo mundo cantar junto e conversar e fazer barulho, porque afinal aquilo era um show. Aì ele foi aplaudido e o show foi todo bom, e depois fomos tirar foto com ele, e eu disse assim: "Your voice is so beautiful." E ele disse "thank you". É, eu sei, um grande diálogo.

Eu amo o Matheus, de verdade, mas às vezes, quando, por exemplo, ouço uma música dessas e tenho vontade de chorar porque além de linda ela me lembra tanta coisa, e não só acontecimentos, mas sentimentos e idéias... - Bom, quando acontecem coisas assim, sempre penso que ele não entende, não entenderia, nunca vai entender. Como Seymour Glass, que jogou a pedra na menina porque ela estava tão linda, e ele sentiu algo tão forte, que jogou uma pedra nela, e todo mundo daquela família maluca entendeu, mas é claro que a menina não. O Seymour ele também não entende. Quando terminei de ler, e encontrei ele no mesmo dia, eu acabei chorando sem querer, e ele só disse que, se era pra eu ficar chorando, que eu não deveria ler. Eu sei, assim soa grosso, mas ele falou pensando em mim, que não queria achar que eu estava triste. E, como eu disse, muitas pessoas não entendem a beleza da tristeza. Não de sentir triste, mas da tristeza, e como ela fica impregnada em tantas coisas, especialmente nas artes. Como podem as pessoas não perceberem isso? Se tantos filmes entre os de mais sucesso são aqueles totalmente dramáticos? Só podem ser as mesmas pessoas que são viciadas em filmes de comédia e em historinhas afins.

Mas eu também comentei que não quero que ele entenda. Que se ele entendesse, eu não ia gostar tanto dele. Ou sim, mas não dessa forma. Pra uma pessoa cheia de dramas, é preciso alguém que realmente não entenda a beleza da tristeza, que ache um absurdo jogar pedras em meninas bonitas. Ok, eu nunca jogaria pedra em ninguém, mas, bem, quem não entende isso, não tem como explicar. Somos muito mais parecidos em personalidade do que em gostos, e isso me surpreende, porque eu nunca pensei que passaria quase um ano namorando um sambista sem que isso causasse qualquer problema entre a gente. Como aquelas pessoas da noite indie, os pseudoalternativos e cult e sei lá mais o quê, que gostam de tudo que eu gosto, mas com quem eu raramente me dava bem. Ele também questionou isso: "Ah, então essas pessoas têm um jeito específico, são todas iguais?" Sim, têm, e eu não gosto delas.

"So we talked for hours, and you cried into my sheets. You said you hated your body, that it was just a piece of meat. I disagreed. I think you're beautiful."

Foi nessa parte que eu quase chorei agorinha há pouco. Além de as palavras serem tão meigas, é também a parte que ele "canta" falando, e eu adoro quando as músicas têm esses momentos assim. E senti um conforto ao imaginar que eu diria isso; seria eu a idiota ali, chorando, e seria ele me dizendo que sou linda, apesar dos defeitos que insisto em ver a todo momento, e seria ele que não me vê dessa forma feia que eu vejo "o mundo" colocar as mulheres.

Bom, vou parar por aqui, sexta começa o Carnaval e  espero conseguir fugir do barulho naquele belo reduto de maconheiros. Até lá, ainda tem a semana inteira.

2 Comments:

  • Eu ainda vou escrever um post sobre a srta. K. Há muitas similaridades com o que vc disse - embora ainda me incomode um bocado com tudo o que ela não entende. *

    S. Glass continua sendo a referência - mas eu vejo outro lado: imagine toda a história do Seymour vista pela Muriel? O que significou pra aquela garota "que ama gatinhos mais do que o próprio Deus amaria" a aparição de um sujeito como o Seymour? Já li carinhas dizendo que ela era, irremediavelmente, um dos phonies tão odiados pelos Glass. Mas pq o Seymour casou com ela? Pq teve tanto medo de casar com ela? Começo a elocubrar as minhas hipóteses. Suspeito que tenha encontrado a minha Muriel - com tudo o que isso acarreta.**

    Pô, preciso voltar a escrever no meu blog. Com posts falando dos contos da Glass family mais ou menos como o pessoal fala de Lost, criando teorias e tudo mais.

    Mas acho que não vou fazer nada disso, por causa de concursos, trabalho e coisas chatas assim. "Eu vou trabalhar pra ganhar muito dinheiro / Vou enriquecer até ficar blasé / Então posso descansar".***

    Uma pena - queria ser menos convencional e mais obsessivo. :)

    * Similaridades, sincronias... Já leu "Os teólogos", de Borges? Ok, é a sincronia na vida de dois inimigos, e não de amigos, como nós. Mas é estranho, lembrei desse conto agora. Em espanhol, aqui: http://www.apocatastasis.com/los-teologos-jorge-luis-borges.php )

    **(No meio de uma música do Wilco - "Muzzle of Bees" tem uma frase que eu adoro: "I'm assuming you love me / And you know what that means". You know what that means - enigmático e lindo, o peso de saber o que significa ( to mean é um dos verbos mais adoráveis da lingua inglesa) amar uma pessoa, acompanhado por uma melodia leve como uma pluma. Se tivesse que escolher entre um show do Radiohead ou o do Wilco, escolheria o do Wilco. Como o Radiohead é que vem fazer show por aqui...)

    ***letras.terra.com.br/mula-manca-a-fabulosa-figura/897714/ - Baixa essa música, não gosto muito do Mula Manca, mas essa "Dinheiro" é muito legal.

    By Anonymous Anônimo, at segunda-feira, fevereiro 16, 2009  

  • Bem, vim parar aqui por recomendação da Érica (sabe a Érica? Não, não essa Érica, a outra. Isso, essa mesmo), que leu um post meu no meu blog falando sobre como eu queria achar alguém parecido comigo e resolveu me provar que as vezes as coisas funcionam exatamente com pessoas diferentes...E bem, você comprova a tese dela...Mas eu sinceramente ainda desconfio que eu sou muito...emocionalmente preguiçoso...pra todos os pequenos embates que a vida com uma pessoa muito diferente traz...Mas de qualquer forma, é um lindo texto. Eu gostei até do comentário, pra você ter idéia. E tenho que agradecer a Èrica (é a do "Outrora Agora", caso você conheça muitas Éricas. Eu me chamo João, eu sei como são essas coisas...) pela dica.

    Até

    By Blogger Unknown, at quinta-feira, março 05, 2009  

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