Dear Josephine
Hoje faz duas semanas que não escrevo. E é um bom sinal. Porque faz duas semanas que eu não penso como teria sido melhor negar-me a receber o ar que me foi oferecido anos e anos atrás...
Talvez as pessoas não entendam bem o que quero dizer. Mas os escritores, aqueles bons escritores, aqueles que não se intitulam escritores para tentar convencer os outros de seu ofício secreto, eles talvez saibam da verdade: a necessidade da tristeza para formar frases. Minha alegria soterra minha expressão. Tudo fica fácil e belo demais, e leve demais. E a beleza que eu encontro no mundo é simplesmente boa... não comovente. Talvez algum dia eu ainda tenha que optar entre viver e escrever, como estava profetizado no Encontro Marcado. Mas eu renegaria isso, sim, com toda a facilidade. Não quero me apegar a esse filho deficiente. Não tenho culpa disso que nasceu de mim. Não quero carregar essa doença. Não, não quero precisar escrever. Nunca mais.
Eu falo demais de tristeza, talvez. Às vezes, várias vezes, eu decido que devo passar a fingir completamente, vestir minha máscara e exercitar minha capacidade cênica. I learned to fake it and just smile along. Outras vezes, penso em esquecer tudo isso, e deixar a sinceridade que me é tão característica tomar conta de mim. Ainda não aprendi, das duas opções, qual algum dia fez mais efeito. Talvez nenhuma. E eu lembro que a sinceridade não é isso tudo que um dia imaginei.
Estou ouvindo a mesma música há horas, pensando nas ausências e nas possibilidades. Sim, vago como poderia ser. Ela se chama Josephine, e quem canta é mais um daqueles grupos que as pessoas insistem em classificar de bandas obscuras de pessoas com gostos esquisitos. Não importa. Importa que a voz dela é linda. E que ela é enternecedora. You could be my Josephine...
Ainda vou fazer isso, aquele plano que todo mundo um dia já teve: abandonar tudo, fechar todas as contas, da mercearia, do açougue, fazer uma despedida, e ir morar em alguma parte do interior, com suas casinhas despretensiosas e suas ignorâncias de tudo que eu já vivi. Que foi pouco, muito pouco. E que preencheu mais linhas do que espírito. E que ainda insiste em me locomover, em me fazer acreditar, não sei por que motivos.
Still I look to find a reason to believe.
Esse é um desabafo triste. Se eu fosse cantora e não tivesse medo das multidões, diria: essa é uma canção triste. Talvez melhor em inglês: This is a sad song. Muitas coisas ficam mais bonitas em inglês. Se eu fosse poeta, essa classificação piegas, escreveria mais uma daquelas frases: eu escrevi um poema triste...
And you could be my Josephine and we could be Siamese twins
E, sim, no final disso tudo, eu penso na beleza da tristeza, e na ausência de praticidade em sentir tudo isso, em ser uma beleza não compartilhada, nada como aquele copo de cerveja, aquela mesa para cinco, seis, sete. Não me explico, passo direto, deixo coisas em aberto. Que seja. Quero um cottage, daqueles inalcançáveis, para me dar vãs esperanças. Daqueles em que talvez Josephine vá morar. I'd write some science fiction about you.
Não, melhor assim:
Come away with me, and I will write you a song.
And I'll just go away somewhere and slowly loose my mind
Talvez as pessoas não entendam bem o que quero dizer. Mas os escritores, aqueles bons escritores, aqueles que não se intitulam escritores para tentar convencer os outros de seu ofício secreto, eles talvez saibam da verdade: a necessidade da tristeza para formar frases. Minha alegria soterra minha expressão. Tudo fica fácil e belo demais, e leve demais. E a beleza que eu encontro no mundo é simplesmente boa... não comovente. Talvez algum dia eu ainda tenha que optar entre viver e escrever, como estava profetizado no Encontro Marcado. Mas eu renegaria isso, sim, com toda a facilidade. Não quero me apegar a esse filho deficiente. Não tenho culpa disso que nasceu de mim. Não quero carregar essa doença. Não, não quero precisar escrever. Nunca mais.
Eu falo demais de tristeza, talvez. Às vezes, várias vezes, eu decido que devo passar a fingir completamente, vestir minha máscara e exercitar minha capacidade cênica. I learned to fake it and just smile along. Outras vezes, penso em esquecer tudo isso, e deixar a sinceridade que me é tão característica tomar conta de mim. Ainda não aprendi, das duas opções, qual algum dia fez mais efeito. Talvez nenhuma. E eu lembro que a sinceridade não é isso tudo que um dia imaginei.
Estou ouvindo a mesma música há horas, pensando nas ausências e nas possibilidades. Sim, vago como poderia ser. Ela se chama Josephine, e quem canta é mais um daqueles grupos que as pessoas insistem em classificar de bandas obscuras de pessoas com gostos esquisitos. Não importa. Importa que a voz dela é linda. E que ela é enternecedora. You could be my Josephine...
Ainda vou fazer isso, aquele plano que todo mundo um dia já teve: abandonar tudo, fechar todas as contas, da mercearia, do açougue, fazer uma despedida, e ir morar em alguma parte do interior, com suas casinhas despretensiosas e suas ignorâncias de tudo que eu já vivi. Que foi pouco, muito pouco. E que preencheu mais linhas do que espírito. E que ainda insiste em me locomover, em me fazer acreditar, não sei por que motivos.
Still I look to find a reason to believe.
Esse é um desabafo triste. Se eu fosse cantora e não tivesse medo das multidões, diria: essa é uma canção triste. Talvez melhor em inglês: This is a sad song. Muitas coisas ficam mais bonitas em inglês. Se eu fosse poeta, essa classificação piegas, escreveria mais uma daquelas frases: eu escrevi um poema triste...
And you could be my Josephine and we could be Siamese twins
E, sim, no final disso tudo, eu penso na beleza da tristeza, e na ausência de praticidade em sentir tudo isso, em ser uma beleza não compartilhada, nada como aquele copo de cerveja, aquela mesa para cinco, seis, sete. Não me explico, passo direto, deixo coisas em aberto. Que seja. Quero um cottage, daqueles inalcançáveis, para me dar vãs esperanças. Daqueles em que talvez Josephine vá morar. I'd write some science fiction about you.
Não, melhor assim:
Come away with me, and I will write you a song.
And I'll just go away somewhere and slowly loose my mind
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