Quase!
Estou no metrô, em pé, em frente ao banco laranja dos idosos, das gestantes e dos deficientes físicos.
Parênteses: Gestante posso até tentar fingir, mas não sou; idosa, só espiritualmente; deficiente físico... anões se encaixam nessa categoria? Não sei. Então não sento.
Nesse meio tempo um senhor se apossa do assento laranjinha.
Ele tem os cabelos brancos, e uma careca se infiltrando no meio dos cabelos, lutando pra aparecer na foto. Os fios ficam puxados pra trás, mas sem colar na cabeça, meio inflados no ar.
Nervoso. Muito nervoso. Daqueles de garfo arranhando o prato, giz no quadro fazendo som agudo, algum objeto fora do lugar. TOCs de ocasião, alguma coisa que todo mundo deve ter, eu espero.
Vontade imensa de amassar aquele cabelo, fazer voltar para o lugar. Está flutuando demais.
Que os outros diriam se vissem a cena? O que o velho diria? Como me olharia?
É uma curiosidade enorme, tento me forçar, obrigar minha mão à aventura urbana idiota.
Não, eu sou certinha. E autista. Só fico meia hora olhando a careca do velho à minha frente. Quando ele levanta a cabeça, tomo um susto, esbarro na pessoa de trás.
Fim do transe.
Parênteses: Gestante posso até tentar fingir, mas não sou; idosa, só espiritualmente; deficiente físico... anões se encaixam nessa categoria? Não sei. Então não sento.
Nesse meio tempo um senhor se apossa do assento laranjinha.
Ele tem os cabelos brancos, e uma careca se infiltrando no meio dos cabelos, lutando pra aparecer na foto. Os fios ficam puxados pra trás, mas sem colar na cabeça, meio inflados no ar.
Nervoso. Muito nervoso. Daqueles de garfo arranhando o prato, giz no quadro fazendo som agudo, algum objeto fora do lugar. TOCs de ocasião, alguma coisa que todo mundo deve ter, eu espero.
Vontade imensa de amassar aquele cabelo, fazer voltar para o lugar. Está flutuando demais.
Que os outros diriam se vissem a cena? O que o velho diria? Como me olharia?
É uma curiosidade enorme, tento me forçar, obrigar minha mão à aventura urbana idiota.
Não, eu sou certinha. E autista. Só fico meia hora olhando a careca do velho à minha frente. Quando ele levanta a cabeça, tomo um susto, esbarro na pessoa de trás.
Fim do transe.
3 Comments:
Doida que nem eu.
By Érica L., at terça-feira, janeiro 03, 2006
Não sei se todo mundo tem, mas eu tenho essas manias doidas. A minha, atualmente, é tirar a etiquete de preços das coisas.
By Anônimo, at sábado, janeiro 07, 2006
Ai, total me identifiquei.
Eu fico tenso qd cabelos em geral ficam muito soltos separados do resto da massa de cabelos, como que possuidores de um vida particular que os outros não têm.
By Anônimo, at domingo, janeiro 08, 2006
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