Cena 8 – [apenas uma volta para casa]
Na casa de algum coleguinha? Qualquer pessoa que o conhecesse minimamente – e isso era de se esperar considerando que se tratava de um pai – saberia que não dava pra usar essa frase, relacionada a ele, de forma tão banal.
Mariana se perguntava, e imaginava, e interrogava o mundo geral sobre porquês e comos; em especial sobre os porquês.
A claridade lá fora tinha chegado a um ponto que incomodava; isso além do calor, que dificultava os movimentos. Os dois associados formavam uma piscina a céu aberto de raios solares na qual o caminhar tornava-se pesado.Havia luz demais por todos os lados, como a contornar todo o corpo dela, e volta e meia um raio se espelhava em um objeto, uma janela, um vidro mal posicionado, atingindo-a em cheio nos olhos. Lanças afiadas a perseguirem-na pela rua. O mundo ensolarado, em geral, é visto como convidativo; em dias estranhos, assemelha-se mais a um atestado de incompatibilidade.
Ao longo do trajeto e das esquinas, ela ia apertando o passo, tentando desvencilhar-se da perseguição do Sol, e amaldiçoando a temperatura elevada. Tudo ao redor passava em maior velocidade, borrando, perdendo a nitidez e tornando-se, afinal, insignificante. Mera paisagem padrão a ocupar a visão periférica. O trajeto de volta para casa durava uns vinte e cinco minutos. Ela passou por ruas muito parecidas, umas maiores outras menores. Passou pelos mesmos outdoors, sem reparar se havia outro produto sendo anunciado. Pelos mesmos cruzamentos de sempre. Pelas mesmas pessoas que a rodeavam todos os dias numa multidão anônima a compor os cenários do todo-dia.
É nesse ponto que estacamos. Deixemos a menina continuar sozinha. É aqui que a vemos passar, e seguir ao longo da avenida, sem trilha sonora. E é nesse momento que o contraste da nossa visão se acentua, as luzes a ponto de tornarem-se quase brancas, e a cena toda é engolida pelo brilho.
Mariana se perguntava, e imaginava, e interrogava o mundo geral sobre porquês e comos; em especial sobre os porquês.
A claridade lá fora tinha chegado a um ponto que incomodava; isso além do calor, que dificultava os movimentos. Os dois associados formavam uma piscina a céu aberto de raios solares na qual o caminhar tornava-se pesado.Havia luz demais por todos os lados, como a contornar todo o corpo dela, e volta e meia um raio se espelhava em um objeto, uma janela, um vidro mal posicionado, atingindo-a em cheio nos olhos. Lanças afiadas a perseguirem-na pela rua. O mundo ensolarado, em geral, é visto como convidativo; em dias estranhos, assemelha-se mais a um atestado de incompatibilidade.
Ao longo do trajeto e das esquinas, ela ia apertando o passo, tentando desvencilhar-se da perseguição do Sol, e amaldiçoando a temperatura elevada. Tudo ao redor passava em maior velocidade, borrando, perdendo a nitidez e tornando-se, afinal, insignificante. Mera paisagem padrão a ocupar a visão periférica. O trajeto de volta para casa durava uns vinte e cinco minutos. Ela passou por ruas muito parecidas, umas maiores outras menores. Passou pelos mesmos outdoors, sem reparar se havia outro produto sendo anunciado. Pelos mesmos cruzamentos de sempre. Pelas mesmas pessoas que a rodeavam todos os dias numa multidão anônima a compor os cenários do todo-dia.
É nesse ponto que estacamos. Deixemos a menina continuar sozinha. É aqui que a vemos passar, e seguir ao longo da avenida, sem trilha sonora. E é nesse momento que o contraste da nossa visão se acentua, as luzes a ponto de tornarem-se quase brancas, e a cena toda é engolida pelo brilho.
2 Comments:
Esse é o último capítulo no arquivo que vc mandou pelo msn. Mas estavam previstos outros. Vai ter mais? Estou à espera.
By Edson, at terça-feira, maio 16, 2006
É, cadê o resto? Logo aí!
By Érica L., at sexta-feira, maio 19, 2006
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